ATIVIDADE SOBRE A PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO NO BRASIL


(ENEM 2014)

Cena

O canivete voou

E o negro comprado na cadeia

Estatelou de costas

E bateu coa cabeça na pedra

 

ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.

1.  O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como modernista é o(a)

a)   construção linguística por meio de neologismo.

b)   estabelecimento de um campo semântico inusitado.

c)   configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.

d)   subversão de lugares-comuns tradicionais.

e)   uso da técnica de montagem de imagens justapostas.


(ENEM 2015)

Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.

Assim nasceu a expressão "Vá tomar banho" que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.


2.   O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei, a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar

a)   resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.

b) ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.

c) referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.

d) descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.

e)   uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

 

(ENEM 2017)

 

Sou um homem comum

brasileiro, maior, casado, reservista,

e não vejo na vida, amigo

nenhum sentido, senão

lutarmos juntos por um mundo melhor.

Poeta fui de rápido destino

Mas a poesia é rara e não comove

nem move o pau de arara.

Quero, por isso, falar com você

de homem para homem,

apoiar-me em você

oferecer-lhe meu braço

que o tempo é pouco

e o latifúndio está aí matando

[...]

Homem comum, igual

a você,

[...]

Mas somos muitos milhões de homens

comuns

e podemos formar uma muralha

com nossos corpos de sonhos e margaridas.

 

FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

 

3.  No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de

 

a)   agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.

b)   força emotiva e capacidade de preservação da memória social.

c)   denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.

d)   ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.

e)   identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.

 

(ENEM 2017)

 

O farrista

 

Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

 

4. A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

a)   configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.

b)   remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.

c)   repercute as manifestações do sincretismo religioso.

d)   descreve a gênese da formação do povo brasileiro.

e)   promove inovações no repertório linguístico.

 

(ENEM 2016)

Do amor à pátria

 

São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.

 

MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

 

5. O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque

a)   o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.

b)   os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.

c)   o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.

d)   o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.

e)   a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.

 

(ENEM 2014)

Camelôs

 

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:

O que vende balõezinhos de cor

O macaquinho que trepa no coqueiro

O cachorrinho que bate com o rabo

Os homenzinhos que jogam boxe

A perereca verde que de repente dá um pulo que

engraçado

E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa

alguma.

Alegria das calçadas

Uns falam pelos cotovelos:

— “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai

buscar um

pedaço de banana para eu acender o charuto.

Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”

Outros, coitados, têm a língua atada.

Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino

ingênuo de

demiurgos de inutilidades.

E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da

meninice...

E dão aos homens que passam preocupados ou tristes

uma lição de infância.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

 

6.  Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque

 

a)   realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira.

b)   promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos.

c)   traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira.

d)   introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova.

e)   constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil.

 

(ENEM 2013)

 

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan 2012. São Paulo: Prol Grãfica, 2012.

 

7.  O poema de Oswaldo de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem

 

a)   direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.

b)   forma clássica da construção poética brasileira.

c)   rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

d)   intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.

e)   lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.

 

“A existência é uma aventura, de tal modo inconsequente.” (Manuel Bandeira)

(ENEM 2012)

8.   Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é

a)   abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete à brasilidade.

b)   verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.

c)   lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

d)   problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

e)   exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

 

(ENEM 2006)

9.   No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época

a)   a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.

b)   a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.

c)   a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.

d)   a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.

e)   o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.


(Enem 2019)

Biografia de Pasárgada 

Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.

Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do subconsciente, utilizando as reminiscências da infância — as histórias que Rosa, minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.

 

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. São Paulo: Global, 2012.


10. O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito da criação de um de seus poemas mais conhecidos. De acordo com esse depoimento, o fazer poético em “Vou-me embora pra Pasárgada!”

a) Acontece de maneira progressiva, natural e pouco intencional.

b) Decorre de uma inspiração fulminante, num momento de extrema emoção.

c) Ratifica as informações do senso comum de que Pasárgada é a representação de um lugar utópico.

d) Resulta das mais fortes lembranças da juventude do poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.

e) Remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira marcado por desigualdades sociais e econômicas.

 

(Enem 2016)

Poema tirado de uma notícia de jornal


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

 

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980)


11. No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela:


a) Atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal.

b) Utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico.

c) Indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada.

d) Enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.

e) Apresentação de elementos próprios da noticia, tais como quem, onde, quando e o quê.



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1.   E

2.   E

3.   A

4.   B

5.   B

6.   C

7.   A

8.   D

9.   B

10.A

11. E

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